InterAção

Interação
EDIÇÃO: 80

  Opinião        
Mudamos para atender melhor às AÇÕES LOCAIS 

O boletim InterAção chega à 80ª edição completamente renovado para atender à nova metodologia de trabalho implantada este ano pela Associação Viva o Centro no Programa de AÇÕES LOCAIS. As mudanças introduzidas têm por finalidade tornar o Programa ainda mais participativo. 

O Conselho de Representantes das AÇÕES LOCAIS reúne-se mensalmente na Viva o Centro, desde março, em substituição ao Conselho de Presidentes. A alteração foi motivada pelo caráter deliberativo do Conselho que, para legitimar as decisões tomadas, requer a presença de pelo menos um representante de cada AÇÃO LOCAL nas reuniões. Assim, levando em conta que nem sempre os presidentes estão disponíveis, cada AÇÃO LOCAL passou a indicar um titular e dois suplentes para o Conselho de Representantes, de modo que todas passaram a ter presença constante nas reuniões. 

As reuniões setoriais, por sua vez, foram substituídas por reuniões mensais temáticas (segurança, promoção social, comércio informal, manutenção dos espaços públicos e temas diversos), com palestra de um especialista ou de uma autoridade da esfera pública ou privada relacionada à pauta. Dois objetivos nortearam esta mudança: franquear as reuniões a uma participação maior dos membros das diretorias das AÇÕES LOCAIS, independentemente do cargo que ocupam, e proporcionar-lhes com a palestra instrumentos para facilitar a atuação de cada núcleo em sua microrregião. 

Além disso, duas novas reuniões bimestrais foram criadas. A primeira, voltada a pessoas interessadas em desenvolver uma ação comunitária, mas ainda não engajadas em uma AÇÃO LOCAL, objetiva divulgar o Programa de AÇÕES LOCAIS para atrair novos adeptos e responde à necessidade de inserção dos dois mil novos Conselheiros da Comunidade que aderiram ao Programa no último ano. Já a segunda, direcionada ao aprofundamento de conceitos e práticas do Programa, destina-se aos diretores de AÇÕES LOCAIS e aos que já tenham assistido à primeira. 

Evidentemente, para servir à nova metodologia o InterAção também tinha que mudar. E mudou bastante. Passa de mero noticioso a veículo que tem os participantes das AÇÕES LOCAIS como prioridade absoluta, promovendo o que seu próprio título indica: a interação entre as AÇÕES LOCAIS e a interação destas com a Associação Viva o Centro, com vistas ao incremento do intercâmbio de experiências. Salta de quatro para doze páginas, ganha um novo perfil gráfico e, acima de tudo, tem seu conteúdo voltado a instrumentalizar as AÇÕES LOCAIS, ou seja, a proporcionar informações de uso prático. Boa leitura! 

InterAção renova-se para atender melhor às mudanças qualitativas efetivadas no Programa de AÇÕES LOCAIS

 

  Alicerces da Ação        
Eleições gerais em 10 de setembro. Participe! 

Centro vai às urnas para escolher as diretorias das AÇÕES LOCAIS 

Serão em 10 de setembro as eleições gerais convocadas pela Viva o Centro para que representantes de empresas, instituições, condomínios, lojas, escritórios e moradores de cada área do Centro elejam as Diretorias e Conselhos Fiscais de suas respectivas AÇÕES LOCAIS. É a primeira vez que a Viva o Centro convoca eleições simultâneas nesse sentido, como decorrência natural do aperfeiçoamento pelo qual tem passado o Programa de AÇÕES LOCAIS nos últimos anos. 

Quando surgiu, em 1996, o Programa de AÇÕES LOCAIS começou demonstrando à sociedade civil do Centro que era possível a comunidade se organizar em torno de uma AÇÃO LOCAL para lutar por melhorias e mais qualidade de vida em sua rua ou praça, colaborando assim com o projeto de requalificação da região central defendido pela Viva o Centro. Em resposta, foram fundadas as primeiras AÇÕES LOCAIS, resultantes do esforço de um punhado de voluntários ávidos por fazer algo para reabilitar sua microrregião. Com o tempo, o número de AÇÕES LOCAIS se multiplicou, elas se fortaleceram e mostraram seu poder de mobilização e abertura a novas adesões, a ponto de hoje cada uma possuir seu Conselho da Comunidade. 

O Conselho da Comunidade, formado por representantes de empresas e instituições com sedes ou filiais na área de atuação da AÇÃO LOCAL, bem como dos condomínios e moradores dessa área, é o órgão deliberativo máximo da AÇÃO LOCAL e são os seus membros que elegem a Diretoria da AÇÃO LOCAL. A indicação de representantes pode ser feita por correspondência ou mediante o preenchimento de uma ficha de indicação, encontrada na própria Viva o Centro(Rua Líbero Badaró, 471, 22º andar) e no site www.vivaocentro.org.br. 

Nas eleições gerais poderão votar (e ser votados) os representantes (conselheiros) indicados até 22 de agosto. Até 2 de setembro poderão se inscrever na secretaria da Coordenação do Programa de AÇÕES LOCAIS da Viva o Centro os interessados em ocupar cargos na Diretoria e no Conselho Fiscal de cada AÇÃO LOCAL. Para mais informações, o Regulamento Eleitoral acha-se publicado no site da Viva o Centro. 

Próximas reuniões temáticas na Viva o Centro 

No segundo semestre, são as seguintes as datas das reuniões temáticas e das reuniões do Conselho de Representantes, todas das 17h às 18h30, na sede da Viva o Centro, Rua Líbero Badaró, 471, 22º andar: 

 

  Fundamentos do Programa de AÇÕES LOCAIS        
O que é e como funciona uma AÇÃO LOCAL 

AÇÃO LOCAL é uma ONG sem fins lucrativos, dirigida por pessoas que representam empresas, instituições, condomínios, lojas, escritórios e moradores de uma determinada microrregião do Centro com o objetivo de zelar e lutar por melhoramentos nessa área. Hoje existem mais de 40 AÇÕES LOCAIS em funcionamento no Centro. 

A idéia das AÇÕES LOCAIS surgiu na Viva o Centro em meados dos anos 90 como forma de desenvolver o sentimento de comunidade e de identidade que sempre faltara ao Centro, e que, devidamente estimulado, levaria as pessoas a zelar pelas ruas e fragmentos urbanos onde estão suas moradias e locais de trabalho. Assim surgiu, em agosto de 1996, o Programa de AÇÕES LOCAIS, que do ano seguinte até hoje conta com o patrocínio da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), associadas à Viva o Centro. 

Embora tenham autonomia funcional, as AÇÕES LOCAIS devem observar um estatuto padrão fornecido pela Viva o Centro, e que assegura a transparência e o caráter democrático das decisões assumidas em cada AÇÃO LOCAL. Em contrapartida, são autorizadas a usar a marca e o logotipo do Programa e recebem amplo apoio logístico da Associação (banco de dados, consultoria em arquitetura e urbanismo, assessoria de imprensa etc). Esta mantém uma equipe permanente de técnicos e pessoal de suporte interno para prestar apoio às AÇÕES LOCAIS e facilita os encontros e reuniões de trabalho de seus diretores, que freqüentemente se realizam na sede da Associação. 

Projetos padrão: vale a pena aderir 

Projetos Padrão são projetos testados na prática, endossados pela Associação Viva o Centro e passíveis de implantação por todas as AÇÕES LOCAIS, aos quais vale a pena aderir, tais como o de Embandeiramento Permanente do Centro Histórico e Financeiro e o dos Cursos de Alfabetização de Adultos. 

A adesão dos prédios ao embandeiramento no Centro cresce ano a ano graças à difusão desse projeto por integrantes das AÇÕES LOCAIS, da mesma forma que tem tido grande a procura pelos cursos gratuitos de Alfabetização de Adultos. "O ideal é que todas as AÇÕES LOCAIS adotem os Projetos Padrão, que independem de grandes investimentos, não necessitam de autorização do poder público para ser implantados e se inserem nas diretrizes de atuação dos núcleos", diz o presidente da Diretoria Executiva da Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida. 

Para mais informações sobre os Projetos Padrão é só consultar o site www.vivaocentro.org.br onde também se encontram as características exigidas de um projeto para merecer esse título. Para hastear e descerrar corretamente a bandeira consulte www.bandeiras.com.br. 

 

  Instrumentos da Ação        
Os passos para formalizar uma AÇÃO LOCAL 

Desde o surgimento do Programa de AÇÕES LOCAIS, em 1996, a Viva o Centro incentiva a organização de representantes de empresas, instituições, condomínios, lojas, escritórios e moradores de cada área do Centro (dentro das áreas estabelecidas pela Viva o Centro para implantação do Programa) em uma AÇÃO LOCAL. Formar uma AÇÃO LOCAL, portanto, é reunir pessoas e empresas interessadas em lutar por melhorias em sua rua ou praça. Formalizá-la já requer o preenchimento de documentos e outras providências, mas não é difícil. Veja a seguir respostas a algumas perguntas básicas sobre como formalizar uma AÇÃO LOCAL, para que a sua atuação ganhe legitimidade e eficiência: 

Depois de verificar na Viva o Centro se a sua rua está dentro da área do Programa e de reunir gente disposta a criar uma AÇÃO LOCAL, o que se deve fazer? 

Basta preencher um formulário fornecido pela Viva o Centro com no mínimo 20 adesões da microrregião, pleiteando a criação da AÇÃO LOCAL. Na seqüência é marcada pela Coordenação do Programa de AÇÕES LOCAIS uma reunião de instalação do núcleo, cujos participantes elegem uma diretoria provisória. Esta diretoria assina com a Viva o Centro um Termo de Cooperação, aderindo ao Estatuto Padrão das AÇÕES LOCAIS. Com isso, a AÇÃO LOCAL já pode trabalhar e também inicia a formação do Conselho da Comunidade, cadastrando representantes das empresas, instituições, condomínios, lojas, escritórios, agências e moradores da área como conselheiros do núcleo. 

Quais os passos para formalizar a existência da AÇÃO LOCAL? 

A diretoria provisória deve convocar uma assembléia geral do Conselho da Comunidade para formalizar a fundação do núcleo e para eleger a Diretoria e o Conselho Fiscal definitivos Todos esses passos devem ser documentados em ata. A Viva o Centro providenciará, sem nenhum ônus, o registro da nova entidade em Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. 

Para efetivar-se como Pessoa Jurídica, o que a AÇÃO LOCAL deve providenciar? 

Após o registro em Cartório, a regularização de uma AÇÃO LOCAL como pessoa jurídica exige: inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), da Receita Federal (informações no site www.receita.fazenda.gov.br), inscrição e obtenção de Alvará de Licença de Uso e Funcionamento na Prefeitura (site www.prefeita.sp.gov.br), enquadramento no Sindicato Patronal da Categoria (R$ 30), matrícula no INSS e implantação de livros Diário e de Inspeção do Trabalho. 

 

  Em Ação        
Doação de computadores em apoio à infância e adolescência 

A AÇÃO LOCAL Anhangabaú obteve recentemente a doação de dois computadores - um para a entidade Cheiro de Capim, dedicada a crianças em situação de risco no Centro, e outro para o Conselho Tutelar da Infância e da Adolescência da Sé - com a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos, empresa ligada ao sistema bancário. Indispensáveis ao funcionamento das duas instituições, que não dispunham de recursos para adquiri-los, os computadores chegaram em boa hora. 

Ladeira da Memória tem que ser protegida de vandalismo 

Segurança - é disso que a Ladeira da Memória (foto) precisa agora. Somente com vigilância e manutenção permanentes o restauro do histórico logradouro público, do qual faz parte o monumento mais antigo de São Paulo, o Obelisco da Memória, será preservado de pichações e outros vandalismos. 

A recuperação do monumento, executada pela Concrejato, foi uma vitória da AÇÃO LOCAL Ladeira da Memória, cujos integrantes não sossegaram enquanto não obtiveram da presidente da Emurb, Nadia Somekh, do subprefeito da Sé, Sérgio Torrecillas, e da equipe técnica do DPH o compromisso de restaurá-lo. O painel de azulejos retratando o famoso ponto de partida de tropeiros para o interior do Estado, de autoria de José Wasth Rodrigues, recobrou a beleza e a jardinagem foi refeita. Mas o sistema hidraúlico que abastece o tanque e o chafariz continua desativado e o obelisco ainda aguarda limpeza. 

Os integrantes da Ação Local agradecem e reconhecem tudo o que já foi feito pela Prefeitura, mas querem que o trabalho seja concluído. Que o chafariz e o tanque voltem a funcionar, do contrário, sem água, os azulejos vão trincar e o lugar pode virar lixeira. Que o obelisco seja recuperado. Que a figueira seja tratada, pois é uma das últimas árvores centenárias da cidade. E principalmente que todo o conjunto seja resguardado. Eles tem esperanças de que algum empresário saberá aproveitar o privilégio de adotar o monumento mais antigo de São Paulo, às vésperas dos 450 anos da cidade, patrocinando a conclusão de seu restauro, manutenção e guarda 24h. 

Tem ginástica gratuita na praça 

Há algum tempo várias praças do Centro, com o apoio de AÇÕES LOCAIS, oferecem atividades físicas gratuitas a jovens e adultos, orientadas por professores especializados. É chegar e engajar-se. Tem Radio Taissô diariamente na Praça da República, das 7h às 7h30, e Tai Chi Chuan aos domingos (foto), das 10h às 11h, numa promoção da AÇÃO LOCAL República II. Na Praça Roosevelt, a pedida é Lian Gong, toda terça às 7h, e sábado, às 8h, com apoio da AÇÃO LOCAL Roosevelt. Na Praça General Craveiro Lopes, a AÇÃO LOCAL Maria Paula proporciona Rádio Taissô de segunda a sexta, das 8h30 às 9h. Na Praça do Rotary pratica-se Lian Gong gratuitamente às terças e quintas, às 17h. E na Praça Ramos de Azevedo, o Tai Chi Chuan acontece às segundas e quartas, das 7h50 às 9h. 

Projetos gratuitos de restauro para as fachadas da Barão de Itapetininga 

Proprietários de edifícios na Rua Barão de Itapetininga poderão contar em breve com projetos para restaurar as fachadas de seus prédios, assinados por gente que entende do assunto. Um acordo firmado entre a AÇÃO LOCAL Barão de Itapetininga, Emurb, DPH e Universidade Mackenzie envolve 160 estudantes de arquitetura da universidade, acompanhados de seus professores, em um estudo com essa finalidade. Síndicos e zeladores dos edifícios já receberam um comunicado solicitando facilitar o acesso dos jovens para as necessárias medições e fotografias. 

 

  Temáticas        
Camelôs irregulares não terão lugar no Centro, diz Torrecilas 

Camelôs. O subprefeito da Sé, Sérgio Torrecillas, durante palestras da Temática sobre Espaço Público, em abril e em junho, na Viva o Centro, prometeu uma solução definitiva para a questão dos camelôs na região e disse que "só ficarão no Centro os camelôs portadores de TPUs".De fato, em 1º de julho começou pelo Centro Histórico uma megaoperação para devolver o espaço público à população. As ações se estenderam ao Centro Novo, em meados do mês, e, desde então, concentram-se na região na 25 de Março. Segundo Torrecillas, "o compromisso da Prefeitura é de cumprir a decisão judicial que a obriga a disciplinar o comércio ambulante". 

"No início da gestão, a prefeita Marta Suplicy assinou um decreto determinando que só poderiam trabalhar no Centro os ambulantes com TPUs, e eles são 1.244. Os demais são ilegais", disse o subprefeito. "Para executar o que diz o decreto estamos atuando em duas vertentes: a fiscalização para a retirada dos ilegais e a oferta de alternativas de trabalho que reduzam o impacto social sobre eles." 

Para dar perspectiva a quem pretende deixar o comércio ilegal, a Prefeitura cadastrou 5.500 camelôs irregulares para 2.600 vagas no Programa Operação Trabalho. O programa deve encaminhá-los a cursos de capacitação profissional, com bolsa mensal de R$ 315 por um período de três a seis meses.E, em parceria com a Associação Comercial, está estimulando parte desses ambulantes a formalizar sua atividade aderindo aos popcentros. 

A reunião na Viva o Centro, em junho, teve caráter especial, pois os convidados, representando diversos órgãos e instituições, assumiram parte da responsabilidade para resolver o problema. A Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) se comprometeram a atuar de forma mais efetiva na fiscalização do Centro, sobretudo em áreas onde o comércio informal é vedado. E a Viva o Centro produziu um mapa dos distritos Sé e República com indicações de ruas e praças onde a Subprefeitura da Sé definiu que o comércio informal pode ser legalmente exercido e onde não pode. O capitão PM Hermenegildo Soares Jr., coordenador operacional do 7º BPM-M, tem utilizado esse mapa para, em parceria com a GCM, garantir o cumprimento da legislação em vigor. 

A esquerda, quando os camelôs ainda dominavam a XV de Novembro; à direita, a mesma rua descongestionada 

  

Atuação Decisiva 

Três AÇÕES LOCAIS - Barão de Itapetininga, 24 de Maio e Marconi - tiveram atuação decisiva na decisão judicial referente aos camelôs. Foram seus integrantes que promoveram um levantamento dos prejuízos físicos, econômicos e sociais causados por ambulantes na área. O trabalho foi encaminhado à promotora de Justiça Mabel Tucunduva, que anexou os dados à representação que já havia encaminhado à Justiça, convertendo-a em seguida na ação civil pública que determinou à Prefeitura dar solução definitiva ao problema. 

Limpeza pública exige mudança de hábitos 

O lixo foi assunto de duas das reuniões temáticas realizadas no primeiro semestre pela Viva o Centro, para as AÇÕES LOCAIS. A primeira teve palestra do supervisor técnico de Fiscalização do Limpurb, Gabriel Haddad, no final de março, e a segunda, em fins de abril, a participação de Paulo Rogério Gomes da Costa, supervisor de Unidade da Vega Engenharia Ambiental, contratada pela Prefeitura para a coleta no Centro 

Lixo. Com seus 10,5 milhões de habitantes, São Paulo produz 311,17 mil toneladas de lixo ao mês. Destas, 26,45 mil toneladas/mês (8,5%) são geradas somente na região da Subprefeitura da Sé. "Diante desses números, a ação do poder público, sozinha, não basta para manter e conservar a cidade limpa", disse Gabriel Haddad. "É preciso que estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços cumpram a lei que os obriga a dar destino ao lixo que produzem, quando superior a 200 litros, e que a população intervenha decididamente para que tenhamos uma cidade mais limpa." 

Por sua especificidade, na última década o Centro exigiu a formulação de um projeto próprio de limpeza pública, explicou Haddad. Surgiu, então, a Operação Centro, em duas frentes: serviços rotineiros (varrições de sarjetas e de calçadões, lavagens de calçadões e escadarias, coleta diurna com pequenos carros elétricos e noturna com caminhões basculantes) e serviços diversos (entre eles a lavagem de monumentos). "Porém, por mais que se amplie o número de equipes na Operação Centro, algumas pessoas e estabelecimentos continuam depositando sacos de lixo em locais e horários impróprios", disse Haddad. Para resolver o problema a Prefeitura estuda a adoção do sistema de contêineres individuais (por edifício), com coleta mecanizada, como no Rio de Janeiro. "Enquanto o sistema não muda, qualquer cidadão pode denunciar o problema ao Alô Limpeza, pelo tel. 156, que o Limpurb agirá", disse Haddad. 

Outro problema refere-se ao resíduo jogado nas ruas pelos chamados "garimpeiros do lixo". Ao contrário dos catadores reunidos em cooperativas com lugares adequados para separar recicláveis, os independentes o fazem em qualquer lugar. "Os catadores recolhem papéis, retalhos de tecidos e sobras de comida entre 15h e 19h30, em vários pontos do Centro. Temos aí um problema social, que estamos tentando equacionar com a participação da SAS. O ideal seria recolhermos os recicláveis e levá-los até um local próprio, onde essas pessoas pudessem separá-los e vendê-los, ficando o descarte confinado até que o retirássemos para destino final." 

A platéia recebeu com entusiasmo a possibilidade da coleta contêinerizada, mas concluiu que não será suficiente se a Prefeitura não for mais rigorosa com quem descumpre as regras da limpeza pública. "A Prefeitura tem que montar um sistema eficiente, de forma que o lixo, por meio dos contêineres individuais, seja entregue diretamente aos coletores e não fique tempo nenhum depositado nas calçadas, que devem estar sempre livres, desimpedidas e limpas", sintetizou o presidente da Diretoria Executiva da Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida. 

Números do lixo 

 

Telefones Úteis 

 

Fiscalização tem que ser intensificada 

Em sua palestra, depois de expor a mecânica de trabalho da Vega, conforme contrato assinado com a Prefeitura, Paulo Rogério Gomes da Costa concordou com os presentes de que um dos grandes problemas do Centro, na questão da limpeza pública, é de fiscalização. 

"É preciso haver maior empenho do cliente na fiscalização dos geradores - sejam eles estabelecimentos industriais, comerciais, de serviços, camelôs ou moradores e usuários da região - se bem que tanto internamente, na Vega, quanto da parte do Limpurb, há checagem contínua do número de varrições, coleta e lavagens feitas", disse Gomes da Costa. 

"O que as AÇÕES LOCAIS e a Viva o Centro querem é um Centro limpíssimo. É um fato que a população colabora onde há limpeza, como no Metrô", resumiu Ramos de Almeida, ao que o supervisor da Vega complementou: "Concordamos plenamente, tanto que nos colocamos como parceiros da Viva o Centro e das AÇÕES LOCAIS. Vocês, com a experiência do dia-a-dia no Centro, podem nos informar sobre o que pode ser melhorado. É claro que estamos limitados por um contrato, mas muita coisa pode ser feita." 

Para irregularidades flagradas ou denúncias, a Vega disponibiliza o tel. 0800 7715 055, bastando acrescentar o local, data e horário da infração. 

Nossa contribuição 

Vários projetos de coleta seletiva, vinculados à promoção social, estão em andamento no Centro com apoio de AÇÕES LOCAIS. O mais antigo, Boa Vista Reciclada, foi implantado pela AÇÃO LOCAL Pátio do Colégio/Boa Vista em 1999. Reúne 120 catadores que recolhem nos prédios da microrregião cerca de 400 toneladas/mês de produtos recicláveis, das quais 90% são de papel, cujos fardos são processados no Núcleo Seletivo do Glicério. A AÇÃO LOCAL Anhangabaú estimulou, por sua vez, a cooperativa de catadores Coorpel, que coleta recicláveis nos prédios da área e entorno. 

Por fim, entrou em funcionamento há um ano o Recifran para a região do Largo São Francisco e adjacências, organizado pela Província Franciscana em convênio com a SAS-Sé, apoio da AÇÃO LOCAL São Francisco e Associação dos Ex-Alunos da FGV, com doação do Consulado do Japão. 

Os 32 catadores do Recifran também recolhem recicláveis nas áreas da Praça Roosevelt, com apoio da AÇÃO LOCAL Roosevelt, da Rua Barão de Itapetininga, graças à AÇÃO LOCAL Barão de Itapetininga, e da Rua Maria Paula, com a adesão da AÇÃO LOCAL Maria Paula. No total o Recifran coleta em média 45 toneladas/mês de papel e participa, com a Coorpel e Coopamari (região da Paulista e Pinheiros), da gestão da Central de Triagem de Coleta Seletiva Solidária da Sé, recém-criada pela Prefeitura para que as próprias cooperativas possam, além de ter um lugar adequado para separar os diferentes materiais, comercializar diretamente com as empresas recicladoras, melhorando a renda e o processo de inclusão social dos catadores. 

Recicláveis, onde entregar 

No Centro, há vários Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) de recicláveis. Eis alguns: Câmara Municipal de São Paulo (Viaduto Jacareí, 100), UBS Humaitá (Rua Humaitá, 520), Secretaria de Assistência Social (Avenida Tiradentes, 749), Parque da Luz (Rua Ribeiro de Lima, 99), Terminal Princesa Isabel (Alameda Glete, 433), Largo Coração de Jesus ( Largo Coração de Jesus s/n), Garagem Lajão-Cohab (Rua Prestes Maia, 300), Terminal Bandeira (Praça da Bandeira s/n), 4ª DP-Consolação (Rua Marquês de Paranaguá, 246), 1ª DP-Liberdade (Rua da Glória, 410), Coopere-Central Sé (Avenida do Estado, 300), Guarda Civil Metropolitana (Avenida do Estado, 846), Palácio das Indústrias (Parque D. Pedro), Casa das Retortas (Rua da Figueira, 77), Recifran (Rua Teixeira Leite, 140), Posto 24h Lydia Abussamra (Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, 220). 

Centro é prioridade da polícia 

Segurança. O fim da carceragem em delegacias do Centro e a reforma das instalações dos três distritos policiais da região - 1º, na Sé; 3º, em Santa Efigência; e 12º, no Pari - constituíram o ponto alto da palestra do delegado titular da Seccional Centro, Mário Jordão Toledo Leme, dentro da Temática de Segurança, na Viva o Centro. 

"O 12º DP é hoje um dos distritos mais bem equipados da cidade, graças à cotização de empresários e comerciantes da região, que patrocinaram a reforma. E o 3º DP agora proporciona atendimento de qualidade e mais conforto aos cidadãos. No momento, com o apoio da Viva o Centro, buscamos patrocínio para também restaurar o prédio do 1º DP, uma vez que a segurança é nossa prioridade no Centro", disse Mário Jordão. 

As reformas, inclusive a que foi realizada na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher, não se restringem aos prédios dos distritos e suas instalações. "Elas são principalmente estruturais, com o estabelecimento, em todos os nove distritos que compõem a Seccional e não somente os do Centro Histórico, de pessoal preparado para dar melhor atendimento à população. O Centro é a vitrine do Estado de São Paulo e a programação deste ano vai melhorar muito a nossa Seccional." 

O titular da Seccional Centro garantiu que as autoridades na área da Segurança estão especialmente empenhadas em tornar a região central mais segura, mas também exortou a comunidade a participar mais desse projeto. "De nossa parte - afirmou -, temos que agir com o máximo de profissionalismo, seja no policiamento preventivo seja no ostensivo ou no investigativo. Mas não basta. Também são necessárias macro-ações sociais, envolvendo toda a sociedade, para que nossa juventude deixe de ser cooptada pela criminalidade." 

Da platéia partiram reivindicações para que a polícia seja mais enérgica com flanelinhas e camelôs e também se pediu a opinião do delegado sobre câmeras de tevê para segurança. "Vi esse sistema em Londres, e funciona. Contra a criminalidade, temos de nos equipar e modernizar", disse Mário Jordão, propondo-se a encaminhar essa proposta aos seus superiores. 

Além da maciça presença de dirigentes e integrantes das AÇÕES LOCAIS, compareceram à palestra o delegado titular do 1º DP, Jair de Castro Vicente; o titular do 3º DP, José Matallo Neto, e Antônio Castro de Araújo; o comandante Marcos Rossi Moreira, inspetor chefe da GCM no Centro; o major PM Roberto Fernandes, representando o comandante do 7º BPM; e o capitão Wanderlei Barbosa, comandante da 2ª Cia. do 7º BPM. 

Desativação da carceragem, uma vitória 

Desde o final de fevereiro, quando o Governo do Estado acabou com a carceragem do 3º Distrito Policial, na Rua Aurora, transferindo os presos para os Centros de Detenção Provisória, os distritos policiais do Centro - não mais abrigam detentos aguardando julgamento ou transferência para presídios. Além disso, o prédio do 3º DP, que também abriga a Seccional Centro, foi reformado para melhor atender à população. 

Segundo o presidente da Diretoria Executiva da Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida, a desativação da carceragem nos distritos centrais é uma antiga reivindicação da Associação. "As delegacias chegavam a abrigar 200 presos, o que expunha a região ao risco de rebeliões e ao constrangimento os cidadãos que precisavam adentrar a uma delegacia para efetuar uma queixa ou prestar um depoimento". 

 

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